Trance psicadélico
Trance psicadélicoPE ou trance psicodélicoPB (referido ainda como psy trance) é uma forma de música eletrônica desenvolvida no fim dos anos 1980 em Israel a partir do Goa trance. Este estilo tem uma batida rápida, entre 135 e 165 batidas por minuto (bpm), além da batida forte de kick, num compasso 4x4, que algumas vezes difere da batida do techno por ter um alcance de freqüência um pouco mais alto além dos sons graves. O Goa trance original geralmente era feito com sintetizadores modulares e samplers de hardware, mas a preferência no trance psicodélico se direcionou para a manipulação de samples e armazenamento em programas de sampleamento VST e AU. O uso de sintetizadores analógicos para a síntese sonora deu lugar aos instrumentos "analógicos virtuais" digitais como o Nord Lead, Access Virus, Korg MS-2000, Roland JP-8000 e os plugins de computador VST e AU como o Native Instruments Reaktor. Esses geralmente controlados por um sequenciador MIDI dentro de um programa de Digital Audio Workstation (DAW). O trance psicodélico é freqüentemente tocado em festivais ao ar livre(longe de grandes centros urbanos), que podem durar vários dias, com a música tocando 24 horas por dia.
O surgimento do estilo no Brasil
Em
Trancoso, sul da
Bahia, reduto
hippie dos
anos 1960 e
1970, o trance psicodélico apareceu no final da
década de 1980, logo após seu desenvolvimento em
Goa, com a vinda de estrangeiros
[1]. Já na década seguinte, apareciam as primeiras
raves no estado de
São Paulo. No final dos
anos 1990 e início do
século XXI, no
Brasil o estilo se tornou popular com diversos festivais e festas reunindo mais de vinte mil pessoas ocorrendo ao longo do ano e em diversas metrópoles do país, e cada vez mais ganhando aceitação do público em geral. Grandes artistas como
GMS,
Infected Mushroom,
Skazi,
Eskimo,
Talamasca vêm freqüentemente ao país, às vezes mais de três vezes ao ano
Vertentes do estilo
É um dos mais populares estilos de música eletrônica nos últimos anos, e vem sendo tocado desde raves específicas para este estilo até clubes mais comerciais. É bastante psicodélico, tendo como característica principal a idéia de transe em que o ouvinte entra, embalado pelas linhas de sintetizador repetidas ao longo das batidas da música, que consiste num ritmo 4/4. Desde o seu surgimento, o trance já passou por várias mudanças. De acordo com os detalhes em sua estrutura, podem ser dos estilos Progressive, Dark e Psychodelic, entre outros. Cada vertente tornou-se independente, formando uma escola para os artistas envolvidos. Sendo assim, é possível acompanhar a evolução da cena psicodélica em particular.
Dentro da cena atual, a produção de música eletrônica é abundante e rica em qualidade, dividindo-se nitidamente em três fortes correntes principais: Full On, Progressive e Dark.
Full On
É a vertente mais pesada e rápida do Psy Trance. Seus baixos são corridos com muitas variações de tons, sintetizadores ao extremo e por uma grande oscilação entre momentos de euforia total e melodias bem trabalhadas, geralmente construídas entre 142 e 150 bpms. É sem dúvida um som que tem um apelo dançante. É extrovertido e convidativo à expressão corporal da dança. Seus elementos vão entrando, cada um em seu tempo, até que a música enche, e então explode. Alguns da vertente são o Absolum, Alien Project, Rafa aka Hibotic, GMS, Fuzzy Project, Infected Mushroom, Logic Bomb,Phantasmatic, Duo Sensuality,Sesto Sento, Parasense, Astrix, Talamasca, Sub6, 1200 Mics, Eskimo,Ganjasonic,Growling Machines e Dynamic. O Full On se divide em:
- Morning: sub-vertente que é mais comum no período da manhã nas festas, com muito groove e muita melodia. A maior parte dos "mornings" vem de Israel. Artistas como Astrix, Vibe Tribe, Melicia, Psydrop,DNA e Sesto Sento apostam no "morning" com seus synths altamente melódicos. Expoentes de "morning" de outros países também se destacam, como por exemplo o Protoculture (África do Sul), Bamboo Forest (França) e Orbital Vision (Brasil).
- High Tech: sub-vertente muito comum no período da tarde nas festas, é derivado do morning, e tem mais efeitos eletrônicos. Os maiores produtores de "high tech" são Israelenses como Perplex, Phanatic, Freedom Fighters, Ananda Shake, tendo outros bons produtores de várias nacionalidades.
- Night: sub-vertente que se destaca pelo mix de elementos do Dark Trance (batidas pesadas, sintetizadores sombrios) com uma ritmo mais acelerado, poucas melodias e é mais dançante. O projeto mais conhecido de night, embora muitos o considerem "dark" é o Shift. Alguns artistas da sub-vertente: Winter Demon, Azax Syndrom, Damage, Seroxat, Iron Madness, Neuromotor, Menog, Abomination e Fungus Funk.
- Groove: sub-vertente que não distingue "night" ou "morning", tem como principal idealizador o projeto francês Talamasca é bem aceita em qualquer horário, utiliza também muito sintetizador, muita explosão, linhas de baixo mais incorpadas e pesadas de facil assimilação. Projetos como "Shove", "Flip Flopt", "Twenty Eight", "The First Stone", "Overclock", "Mental Broadcast", Intelabeam, Rampage, Wrecked Machines, Audio-X, Element Project e Freakulizer são alguns exemplos.
Progressive
Vertente mais calma, lenta e extremamente lisérgica do Psy Trance, construída geralmente (mas nem sempre) entre 130 e 140 bpm. A oscilação é deixada de lado, o som é mais constante, retilíneo e crescente. Os sintetizadores são mais sutis, sendo a batida e a linha de baixo o que mais interessam ao trance. É uma música introspectiva, que busca equalizar as ondas do cérebro, e assim, chegar a um estado meditativo da dança. É o som típico de fim de tarde no qual, depois do Dark e do Full On, é muito aceita para descansar o corpo e a mente. Tem um kick bem leve e um baixo bem grooveado, passando por diversos tons que empolgam seu ritmo dançante. Exemplos são os produtores do Beat Bizarre, Zion in Mad, Metapher, Bitmonx, Ace Ventura, Ticon e Atmos. O "prog" mescla várias vertentes e sub-vertentes da música eletrônica podendo caminhar entre o prog house, prog psy e prog dark, estando todos englobados no mesmo estilo (não há como classificar ou teria-se nomenclaturas enormes do tipo minimal-progressive-electro-breaks). Ele pode ter um bassline com bastante groove, assim como nenhum groove.
Dark
Todas essas vertentes se completam, cada uma com seu momento dentro do ritual. A celebração psicodélica precisa tanto dos momentos de euforia e dança que o Full On proporciona no auge da festa, assim como do som barulhento e sinistro do Dark, além dos insights meditativos do Progressive após a energia ser trabalhada. Tudo no seu tempo e com harmonia.
Dark Psychedelic Trance (Transe psicodélico obscuro)
É uma subvertente do Psychedelic Trance(Trance psicadélico) que possui um caráter sombrio, escuro e sinistro, ao contrário do Morning Trance que tem melodias bem alegres. Caracteriza-se por apresentar efeitos curtos e rápidos, batidas que variam de 140-200 bpm sem uma melodia pegajosa de sintetizador, baixo reto ou em alguns casos 'grooveado', bumbo(kick) pesado e samples (amostras de som) macabros de filmes como: gritos, risadas, sons de animais, interjeições. Geralmente se ouve nas noites das festas, algumas festas podem durar várias horas com a mesma subvertente chegando ao entardecer, como é o caso dos sets de Goa Gil. Além disto, apresenta sintetizadores característicos de efeitos de terror em filmes e cada música tem uma cadência bem diferenciada, podendo ser dançante ou não (nos casos mais pesados ou muito acelerados).
Divisões
O Dark se divide em:
- Weird: é a variação mais sombria, barulhenta e bizarra do dark trance. Com um pitch muitas vezes bem acelerado, chimbais continuos e samples aterrorizantes, proporciona um som massacrante para quem não aprecia o gênero.
Exemplo: Celsung, Catatonic Despair, Evilcore, Xikwri Neyrra, Kryptum, Abaddon Chaos Madness, Bug Funk, Dark Hallik
- Twisted: Som grooveado que apresenta efeitos rápidos e sons tecnológicos. Envolve maior uso de técnicas.
Exemplo: Kindzadza, Cosmo, Highko, Electrypnose
BPM: 148-160
Tendências
Atualmente, muitos projetos têm se caracterizado por ter altos bpms(acima de 150). Essa tendência apresenta um grande propagação de sons em pequenos intervalos de tempo, como também o uso de efeitos como o de repetição (loop) e 'reverse'. Ainda assim, projetos como Xenomorph e Ghreg On Earth preferem se manter em bpms mais baixos e serem darks apenas na atmosfera e composição da música.
Underground x Mainstream
A subvertente é caracterizada por ser pouco comercial e tende a ser uma música mais trabalhada (as camadas e a relação entre os elementos). Desta forma, essa ela é mais underground e é menos tocada em grandes eventos populares (mainstream).
Projetos
Pioneiros
Nacionais
Alumurmur, Bash, Baphomet Engine, Becoming Intense, Cannibal Barbecue, Cetranlien, Chaos Theory, Chipset, Dark Hellboys, Demonizz, Duophonix, Ghastly Tentacles, Insect Seeker, Karmazon, Kernel Panic, Made in Space, Minimal Criminal, Magma Ohm, Necropsycho,Vegetality, Neo Vox, Onionbrain, Psynatorium, Stereographic, Sucubbus, Woogie Boogie, Zartrox, Jason Psy, Silent Enemy, Chip Set.
Internacionais
Abaddon Chaos Madness, Acid Goblins, Akés, Alien Mental, Amanda, Atriohm, Baal, Blisargon Demogorgon, Bug Funk, Battle of the Future Buddhas, Catatonic Despair, Celsung, Claw, Cosmo, Crying Orc, Dark Elf, Dark Hallik, Dark Hellboys, Dejan, Electrypnose, Encephalopaticys, Fearkiller, Furious, Freaking, Galaxy Madness, Ghreg on Earth, Gorump Peyya, Grapes Of Wrath, Hallucinogenic Horses, Hishiryo, Hokus Pokus, Horror Place, Isentropic, Jahbo, Jelly Headz, Jun, Ka-Sol, Kalilaskov AS, Kemic-Al, Kerosene Club, Kindzadza, Kiriyama, Kryptum, Matutero, Metallaxis, Mind Distortion System, Mubali, Mussy Moody, Naked Tourist, Noise Gust, Nyarlthotep, Ocelot, Orestis, Osom, Olien, Paranoize, Penta, Phobium, Phobos Azazel, Polyphonia, Psilo Cowboys, Psycho Wizard, Red Eye Jedi, Samadhi, Savage Scream, Silent Horror, Sykoroknyx, Syzygy, Technical Hitch, Terminator, The Fractal Saddhus, The Many Faces, The Nommos, Traskel,Trip_Switch, Wizack Twizack, Wizard Lizard, Xikwri Neyrra, Xyla, Zalabim, Zik , Evilcore [Portugal]
DJs
Nacionais
Thomas, Rodrigo CPU, Morus, Boteon, Janczur, Paula, Sutemi, Hage, Deejoker, Manash, Zoim, Viper, Barows, Controle, Fino, Bone, Farah, Matuska, Gopan, Sayko, Korey, Jason Psy, Gui Bottaro.
Internacionais
- Goa Gil
- DJ Paulo Lopes - DJ português que é deficiente visual, por isso tem os outros sentidos apurados, e um dos pioneiros do Psy Trance em Portugal e no Brasil.
Gravadoras e Selos No Brasil existem poucos selos especializados na subvertente em relação ao exterior. Alguns selos podem trabalhar também com outras vertentes do psytrance:
Nacionais
Internacionais
Considerações sobre a classificação Deve-se ter em mente que não existe (e nunca existirá) uma metodologia estabelecida para a subdivisão do psytrance em diferentes sub-gêneros, e os artistas são livres para criarem músicas que podem se enquadrar em diferentes sub-gêneros, de forma que determinado artista pode ter músicas classicadas em diferentes estilos. Vale lembrar também que a classificaçao de um artista em um ou outro gênero ou sub-gênero é algo completamente relativo e pessoal